A homologação da dragagem do canal externo do Porto de Suape pela Marinha do Brasil, somada ao avanço das obras no canal interno, marca um momento decisivo para a infraestrutura logística do Nordeste. As intervenções ampliam o calado operacional do complexo — agora com 20 metros no canal externo e previsão de 16,2 metros no canal interno —, criando novas possibilidades de operação e reforçando o papel de Suape como um dos portos mais competitivos do país.

O aprofundamento do canal externo permite a atracação de navios de grande porte, como os Suezmax, com calado de até 17,3 metros, abrindo espaço para operações que antes só eram viáveis em portos de maior calado no Sudeste do país. Segundo o diretor-presidente de Suape, Armando Monteiro Bisneto, a mudança não apenas aumenta a eficiência operacional, mas também reduz tempos de espera e eleva a atratividade do porto para operadores internacionais e novos investidores. Um exemplo simbólico dessa nova fase foi a operação do petroleiro Rômulo Almeida, que embarcou 17 mil m³ de diesel S10 na primeira escala após a homologação.

Enquanto o canal externo já opera em nova profundidade, o canal interno passa por dragagem simultânea, com remoção estimada de 3,8 milhões de m³ de sedimentos, segundo o Governo de Pernambuco. O objetivo é restaurar a navegabilidade plena dentro do porto e garantir manobras mais seguras e eficientes para embarcações de diferentes portes. O investimento total das duas obras chega a R$ 217 milhões, com recursos do PAC 3 e do governo estadual.

A modernização é vista com otimismo pelo setor portuário. A ABTRA (Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados) destaca que o aumento de calado reposiciona Suape na rota do comércio internacional, tornando-o mais competitivo para cargas de grande porte e ampliando sua capacidade de conexão com novos mercados.

Esse avanço estrutural se soma a perspectivas econômicas igualmente relevantes. Um estudo, realizado pela UN Trade and Development e o SENAI/PE, sobre a complexidade econômica no entorno do porto, aponta que Suape pode desempenhar papel central no desenvolvimento industrial da região. O relatório identifica 141 novos produtos potenciais de exportação, com possibilidade de gerar US$ 141 bilhões em novos fluxos comerciais e 19 mil empregos, desde que haja integração entre a modernização portuária e investimentos na cadeia produtiva local.

Para o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Guilherme Cavalcanti, as dragagens representam um passo essencial dentro de uma estratégia mais ampla para transformar Suape em um polo logístico e industrial de referência. “A modernização amplia nossa competitividade e abre espaço para novos negócios privados”, afirma.

No conjunto, as obras de dragagem não significam apenas ganhos operacionais imediatos: elas redefinem a escala do porto, ampliam sua participação nas cadeias globais de comércio e projetam Suape como um hub capaz de impulsionar o crescimento econômico do Nordeste nos próximos anos.