A relevância da cabotagem para Suape e para o Brasil ganha um novo capítulo com a regulamentação do Programa BR do Mar, sancionada em 16 de julho de 2025. Este programa federal visa incentivar e expandir o transporte de cargas por via marítima entre portos brasileiros. Seus objetivos incluem:

  • Ampliar a oferta e melhorar a qualidade da cabotagem, tornando-a uma alternativa mais eficiente ao modal rodoviário.
  • Reduzir custos logísticos para empresas, com estimativas de economia de 20% a 60% nos fretes.
  • Aumentar a disponibilidade da frota nacional por meio de regras mais flexíveis para o afretamento de navios estrangeiros, com isenção de impostos.
  • Fomentar a indústria naval brasileira no segmento de reparos e manutenção, além de capacitar profissionais marítimos.
  • Contribuir para a descarbonização do transporte, já que o modal marítimo é menos poluente que o rodoviário.
  • Promover a integração e o desenvolvimento regional, conectando diversas partes do país.

Para o Porto de Suape, o BR do Mar representa um enorme potencial de crescimento no volume de cargas e o fortalecimento de sua posição como um dos principais hubs logísticos do Brasil.

O Porto de Suape, localizado em Pernambuco, é um pilar fundamental para a economia do Nordeste e do Brasil. Estrategicamente posicionado e conectado a mais de 250 portos globais, ele se destaca como um hub logístico crucial, impulsionando a movimentação de cargas, especialmente granéis líquidos e, notavelmente, a cabotagem – o transporte marítimo entre portos nacionais.

A Importância Econômica e a Expansão de Suape

Com aproximadamente 90% do Produto Interno Bruto (PIB) do Nordeste concentrado em um raio de 800 km, Suape funciona como um distribuidor natural de cargas para o Norte e Nordeste do país. O complexo portuário tem atraído investimentos bilionários, como a expansão do terminal de contêineres e a previsão de R$ 46 bilhões em projetos até 2027, incluindo a duplicação da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e novas indústrias, como a primeira fábrica de e-metanol do Brasil. Esses investimentos não só ampliam a capacidade e a competitividade do porto, mas também geram milhares de empregos, aquecendo a economia local e nacional. Além disso, Suape oferece benefícios fiscais atrativos, como o PRODEPE e o PROIND, que fomentam ainda mais a vinda de novas empresas.

Caminho para a Sustentabilidade

Apesar do expressivo desenvolvimento, o crescimento de Suape não está isento de desafios socioambientais. Preocupações com o impacto em comunidades tradicionais, como pescadores e quilombolas, são frequentes, envolvendo questões de poluição, diminuição da pesca e pressão sobre os territórios. A dragagem constante, necessária para a navegabilidade, também levanta discussões sobre seus custos operacionais e efeitos nos ecossistemas marinhos.

No entanto, Suape tem buscado se posicionar como um porto inovador e sustentável. Iniciativas de digitalização portuária, parcerias com o Porto Digital e um compromisso com a preservação ecológica – com 59% de seu território dedicado a uma Zona de Preservação Ecológica – demonstram essa visão. Projetos de hidrogênio de baixo carbono e usinas solares apontam para um futuro com fontes de energia mais limpas, alinhando desenvolvimento econômico com responsabilidade ambiental.

Potenciais Desafios e Cuidados Necessários

Apesar de seus benefícios claros, o BR do Mar também apresenta potenciais pontos negativos que exigem atenção:

  • Impacto na indústria naval nacional no curto prazo: A maior facilidade para afretar navios estrangeiros pode gerar concorrência para os estaleiros brasileiros, reduzindo encomendas e, consequentemente, afetando empregos no setor de construção naval.
  • Risco de desemprego na indústria naval: Embora o programa vise a capacitação, a prioridade ao afretamento pode, inicialmente, diminuir a demanda por tripulantes e trabalhadores em estaleiros nacionais se não houver um crescimento equilibrado da frota própria.
  • Dependência de frota estrangeira: Uma confiança excessiva em navios afretados pode fragilizar a soberania logística do país em cenários de crise internacional.
  • Necessidade de fiscalização rigorosa: É crucial que a regulamentação garanta que as vantagens do programa beneficiem toda a cadeia produtiva, evitando a concentração de mercado e assegurando a qualificação e o emprego de marítimos brasileiros.
  • Impactos ambientais e de segurança: Um aumento massivo no tráfego marítimo requer maior atenção à segurança da navegação e ao monitoramento ambiental para prevenir acidentes e poluição.

Em suma, o BR do Mar é uma importante estratégica para fortalecer o setor logístico brasileiro, com foco na transição energética e na diversificação dos modais de transporte. Mas para que seus objetivos positivos se concretizem e seus potenciais malefícios sejam mitigados, será essencial um monitoramento contínuo e ajustes na regulamentação, garantindo um equilíbrio entre o desenvolvimento da cabotagem e o fortalecimento da indústria naval e dos trabalhadores do setor no Brasil.

A Cabotagem é Um tema que dialoga diretamente com a Value, já que trabalhamos com os modais terrestre e marítimo de forma complementar entre os portos de Suape(PE), Santos(SP) e Itapoá(SC), oferecendo soluções integradas para otimizar custos, prazos e a eficiência logística.